POR UM FIO de Erva Daninha/ Daniel Seabra
A que distância é possível estar junto, hoje?
Os artistas de circo não têm medo de correr riscos e assumir plenamente a responsabilidade da sua imprudência e prática indisciplinada.
Através de um espetáculo de circo, dois intérpretes utilizam a acrobacia aérea como técnica para procurarem continuamente o equilíbrio entre dois corpos, usando uma corda solta com duas pontas a 7 metros de altura. Esta corda, este fio impermanente e inconstante, altera a perceção do espectador sobre os corpos em cena.
Partimos desta corda que enforca a necessidade de algo mais do que uma simples conexão. Dependemos desta ligação, desta corda que nos suspende e que nos prende. Que nos amarra, mas nos segura. Qualquer ação desencadeia uma consequência no estado do outro, e é esta dependência que nos obriga a confiar no outro.
Com este espetáculo desenhado para espaço público pretendemos repensar as potencialidades que podem surgir de algo tão simples, humano e volátil. O valor da confiança e a importância da nossa presença no momento presente através desta vertiginosa dança aérea entre dois corpos.
Conceito de presente está em transformação, também como consequência de uma sociedade mais tecnológica, gerida por redes sociais. A forma como nos relacionamos, o aqui, o agora e a noção de real geram uma complexidade nas relações interpessoais. Os novos canais tornam a comunicação mais rápida mas mais distante. Estamos em contato mas longe, uma proximidade superficial, menos real, menos presente.
Toda a relação exige a existência do presente, mais do que isso, depende dele. Propomo-nos assim a rever a ideia associada à palavra “relação” pela sociedade atual. Falar sobre o presente, sobre a presença, sobre o momento em que nos encontramos e sobre como apenas ele, tem total influência no momento que se segue. Relembrar os conceitos de correlação e codependência e do quanto precisamos uns dos outros para viver, voar, existir e ser.



direção artística DANIEL SEABRA | cocriação e interpretação DANIEL SEABRA e MARGARIDA MONTENY | música original MIGUEL DE | montagem e operação técnica LUÍS RIBEIRO | direção artística erva daninha JULIETA GUIMARÃES e VASCO GOMES | produção executiva erva daninha TERESA CAMARINHA | residências ERVA DANINHA, TEATRO MUNICIPAL DO PORTO, SALTO | produção ERVA DANINHA| coprodução TEATRO MUNICIPAL DO PORTO | apoio RÉPUBLICA PORTUGUESA – CULTURA / DIREÇÃO GERAL DAS ARTES